A fé que resiste
- Identidade em Foco

- 28 de nov.
- 3 min de leitura
Como a igreja católica mantém viva a esperança do Rio de Janeiro.
Em meio à violência, desigualdade e medo, a fé católica segue sendo uma
das bases culturais e um refúgio para o povo carioca. Com jovens voltando à
igreja, vocações surgindo e comunidades se reerguendo da dor.
Entre o tumulto urbano e o silêncio do altar
Nas avenidas do Rio de Janeiro onde o barulho das buzinas mistura-se ao eco
do medo, a presença da fé se faz sentir nos gestos mais simples: uma vela acesa, o
terço no retrovisor do carro ou até mesmo o “Vai com Deus” dito na partida.
A Igreja Católica está longe de ser apenas um ritual, ela é uma parte viva da
cultura carioca, ela é firme, mesmo quando tudo ao redor parece desabar. Para
muitos, ser católico é mais do que seguir uma crença, é um ato de resistência e
esperança num cenário marcado por crises sociais.
E talvez seja por isso que mesmo no meio das trevas, ainda se ouvem sinos,
veem-se jovens entrando em igrejas, é uma fé cultural, que pulsa junto com o
coração da cidade, e vendo o Cristo Redentor, de braços abertos sobre o
corcovado é o reflexo da alma de um povo que, apesar das feridas continua
acreditando na possibilidade de recomeçar.
No final de outubro de 2025, após uma das operações policiais mais letais da
história do Rio, o cardeal Orani João Tempesta, arcebispo da cidade, dirigiu-se aos
fiéis com palavras que ecoaram entre as vielas e os altares:
“Violência e medo têm ferido o coração de nossa cidade... A vida humana é um
dom sagrado de Deus, e deve sempre ser defendida e preservada.”
— Cardeal Orani João Tempesta, em nota publicada pela Catholic Review, outubro
de 2025.
O cardeal ressaltou que a verdadeira paz não nasce da imposição, mas do
diálogo e da confiança entre as pessoas.
Jovens voltam, vocações brotam
Enquanto as manchetes falam de confrontos, nas capelas cresce um
movimento silencioso: o retorno de jovens á igreja. Paróquias da arquidiocese do
Rio de Janeiro relatam um aumento do número de jovens participando de missas,
adorações, encontros vocacionais. Muitos redescobrem o desejo de servir à Deus,
e alguns sentem o chamado ao sacerdócio ou a vida consagrada.
Hoje em dia há muitas pessoas evangelizando pela internet, e muitos tem sido
uma voz inspiradora nesse cenário, como o Padre Paulo Ricardo, que nos diz, “o
silêncio não vai ajudar a Igreja”, lembrando que os cristãos devem agir e falar, e
estar prontos para espalhar sobre Deus.
Mais do que religião, o catolicismo no Rio é cultura, uma cultura que
transforma e resiste. O toque dos sinos, as festas de padroeiro, as procissões na
rua, são expressões de uma fé que vive nas pessoas.
Essas manifestações mostram que a Igreja não é apenas um templo, mas
parte viva da alma carioca. A fé molda o cotidiano, como simples palavras que
usamos no dia a dia: “Vai com Deus”, “Nossa Senhora”. A fé inspira solidariedade, é
espiritualidade que se transforma em cultura.
O Rio de Janeiro não vive apenas do som das sirenes, mas também dos sinos.
Entre o caos e a calma de uma igreja, a fé católica continua sendo uma força que
une, consola e desperta esperança. Jovens voltam à Igreja, vocações florescem e
gestos simples relembram que a vida ainda tem valor.
E enquanto houver alguém acendendo uma vela, rezando uma Ave-Maria ou
erguendo o olhar a Cristo, a fé continuará resistindo, e com ela, a própria alma do
Rio.
Créditos e referências
Reportagem: João Gabriel de Andrade Magalhães
Fontes:
“Cardeal brasileiro pede paz e solidariedade com os pobres após operação
policial que resultou em mortes.” Catholic Review, out. 2025.
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“Após a operação policial no Rio de Janeiro, o Cardeal Tempesta afirma: ‘A
verdadeira paz não é algo que possa ser imposto.’” AgenSIR, nov. 2025.
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can-be-imposed-it-emerges-through-dialogue-and-trust



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